terça-feira, 7 de junho de 2011

Você Conhece Deus?

Um detalhe importante
 
Essa pode ser uma pergunta um pouco estranha, pois se saísse pelas ruas perguntando quem conhece Deus, certamente, todos diriam: sim, eu conheço Deus. Mas a verdade é que as pessoas não O conhecem, não sabem quem Ele é. Talvez já tenham feito alguma oração a Ele numa hora de aflição, porem, verdadeiramente, as pessoas não conhecem Deus, não se relacionam com Ele.
Muitos dizem que vêem Deus na natureza, outros dizem que vêem Deus nas estrelas, e também muitos dizem que vêem Deus nas boas obras. Na verdade, todas estas pessoas têm apenas uma noção de quem Deus é, mas não há nenhum tipo de relacionamento com Ele e esta é a grande razão porque não entendem sua vontade.
Na Bíblia temos muitos exemplos de pessoas que pensavam que conheciam a Deus, entretanto não O conheciam. Dentre todos elas há um que, particularmente, chamou-me a atenção.
Moisés era um homem muito especial na sua geração, ele era o único de sua idade, pois todos os outros que nasceram na mesma época que ele foram mortos pelos egípcios assim que nasceram. Foi da vontade de Deus que Moisés vivesse e ainda mais, que fosse levado para ser criado pela filha de faraó. Enquanto todos os hebreus trabalhavam duramente como escravos para os egípcios, Moisés, criado aos cuidados da filha de Faraó, desfrutava de estudos, boa alimentação, boas vestes e tudo mais que se pode ter quando se é criado em um palácio. (Êxodo 1e 2).
O tempo passou e Moisés se tornou homem, sua história não lhe foi encoberta, pois ele foi amamentado pela própria mãe, que sabia desde o princípio que havia um plano especial para sua vida. Este, por sua vez, também entendia que havia um propósito especial em sua vida. Moisés sabia que haveria de ser o libertador do seu povo; cremos que Moisés deva ter estudado muito, deva ter se esforçado bastante para estar bem capacitado para cumprir o propósito de sua vida. Contudo, havia um detalhe importante que lhe faltava: Moisés escutou falar de Deus toda a sua vida, pois certamente sua mãe lhe havia passado toda a historia do seu povo, porém ele não O conhecia.
Vamos dar um breve passeio pela história de Moisés e aprender como se transformar de um intelectual que conhecia toda a ciência de sua época e se guiava pelas circunstâncias, em um homem que conheceu a Deus e aprendeu a ser direcionado por Ele.

Moisés, o egípcio

 
Já homem feito, com 40 anos, Moisés resolveu visitar seus irmãos e foi alí, então, que teve sua primeira reação como o libertador do povo, e, para livrar seu irmão hebreu que sofria maus tratos, ele matou um egípcio que o oprimia.
Se avaliarmos a questão por um lado político, veremos que, daquele incidente, poderia ter-se dado início uma revolta popular, que mais tarde se tornaria a emancipação dos hebreus, pois Moisés, como um membro da família real, matando um egípcio por causa de um hebreu escravo, iria se tornar um ícone da libertação do povo. Moisés sabia que não foi em vão que ele estava naquela posição; entendia que havia um propósito de Deus a seu respeito e que seus irmãos entenderiam isso, mas eles não entenderam, como disse Estevão em sua pregação:
“Hora, Moisés cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus os queria salvar por intermédio dele; eles, porém não compreenderam”.
 (Atos 7:25).
No dia seguinte, passeando novamente entre o povo, viu Moisés dois hebreus brigando e quis apartá-los. Aos poucos, Moisés começava a interferir na vida dos hebreus para resolver seus problemas, tentava tornar-se um juiz do povo, porém neste dia um dos hebreus disse:
Respondeu ele: quem te constituiu a ti príncipe e juiz sobre nós? Pensas tu matar-me, como mataste o egípcio? Temeu, pois, Moisés e disse: certamente o negócio já foi descoberto”.
(Êxodo 2:14).
Como dissemos anteriormente, eles não viam Moisés como um libertador. Por quê? Porque não viram em Moisés a autoridade para libertá-los. E Moisés já tinha esta autoridade? Não! Porque ele ainda não conhecia Deus, não sabia ainda que a libertação do povo somente viria quando compreendesse que precisava conhecer o Deus de seus pais para poder ser guiado por Ele.
Todo esforço de Moisés foi “por água abaixo” quando faraó descobriu o acontecido e procurava mata-lo. Com medo, fugiu do Egito e foi para o deserto de Midiã. Toda a sua pretensão de libertação do povo ficou para trás; todo o conhecimento que possuía de nada lhe serviria, agora que estava no deserto, era fugitivo e tinha que se esconder.
Uma das reclamações mais comuns a respeito de Deus é quando se diz que as coisas de Deus são muito demoradas. “Deus se esqueceu de mim”, dizem alguns; outros, dizem que custa muito tempo esperar pela vontade de Deus. As pessoas que dizem isso demonstram claramente que não conhecem Deus, não entendem que Ele vê muito além do que nós vemos e procura nos guiar nos caminhos perfeitos para cumprir o seu propósito, que é sempre o melhor para nossas vidas. Ainda parecendo que o objetivo está ficando cada vez mais distante, ainda parecendo que as dificuldades vão aumentando cada vez mais, quando conhecemos, realmente, a Deus, sabemos que Ele sempre tem o total controle da situação, e, ao contrário do que dizem aqueles que confiam apenas no que vêem, os propósitos de Deus sempre se cumprem, e no tempo certo.
A libertação do povo estava agora mais distante do que antes. Aquilo para o qual Moisés havia se preparado a vida toda parecia que não ia mais acontecer. Estava ele, agora, sentado, ao lado de um poço, sem saber para onde ir nem o que fazer. Teria que ficar por ali e, se ainda tivesse a intenção de libertar seu povo, teria que esperar bastante até estar preparado para voltar e convencer o povo de que ele era o libertador. Ele deveria estar pensando: “eu tive chance de libertar meu povo e desperdicei. Neste instante, estou aqui, no deserto, longe, sem poder fazer nada e o povo continua escravo.
Mas, no segundo capítulo do livro de êxodo, algo nos chama a atenção:
“O sacerdote de Midiã tinha sete filhas, as quais vieram tirar água, e encheram os tanques para dar de beber ao rebanho de seu pai.
Então vieram os pastores, e as expulsaram dali; Moisés, porém, levantou-se e as defendeu, e deu de beber ao rebanho delas.
Quando elas voltaram a Reuel, seu pai, este lhes perguntou: como é que hoje voltastes tão cedo?
Responderam elas: um egípcio nos livrou da mão dos pastores; e ainda tirou água para nós e deu de beber ao rebanho”.
(Êxodo 2:16 a 19).
O que há de interessante nesse texto? O egípcio a que elas se referem era Moisés, e este era o problema: Moisés se vestia como egípcio, falava como egípcio, pensava como egípcio, vivia como egípcio, pois fora criado assim; porém, desta forma, ele não servia para livrar o povo de Deus.
Em atos 7:22, Estevão afirma:
“E Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras”.
Este Moisés, poderoso em palavras e em obras, havia tentado, a sua maneira egípcia, libertar o povo e tudo o que conseguiu foi sua sentença de morte. E é exatamente isto o que conseguimos quando confiamos em nós mesmos para resolver as coisas. Jeremias declara:
“Assim diz o Senhor: maldito o homem que confia no homem e faz da carne mortal seu braço e aparta o seu coração do Senhor”.  
(Jeremias 17:5).
Consideremos todo o conhecimento importante. Mas, no momento em que colocamos nossa confiança no conhecimento que temos, na nossa própria capacidade de resolver os problemas, quando achamos que somos auto-suficientes, aí nosso conhecimento nos serve de tropeço. O versículo de Jeremias nos deixa bem claro que o homem que confia em si mesmo se aparta de Deus, ou seja, é aquele homem que não conhece a Deus, daí a única pessoa de quem ele pode esperar alguma coisa é ele mesmo.
Uma das coisas mais importantes que nós temos na vida é a nossa oportunidade de escolha, o conhecido “livre-arbítrio”. Com ele podemos escolher se dependemos de nós mesmos ou se dependemos da vontade de Deus, sempre foi assim. Desde o momento em que Deus colocou Adão e Eva no jardim do éden, eles tiveram a oportunidade da escolha, e escolheram errado, mesmo quando Deus mostrava a escolha que deveriam tomar. Hoje, ainda é assim, o homem é o mesmo, a palavra de Deus é a mesma, pois é eterna, e a oportunidade da escolha ainda está diante de nós:
“Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta, o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo”.
(Gênesis 4:7).
Foi isso que Deus disse a Caim antes dele matar seu irmão Abel, pois poderia ter escolhido não matá-lo.
E o mesmo Moisés de que falamos, perto de morrer, disse ao povo:
“O céu e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência,
 Amando ao Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz, e te apegando a ele; pois ele é a tua vida, e o prolongamento dos teus dias; e para que habites na terra que o Senhor prometeu com juramento a teus pais, a Abraão, a Isaque e a Jacó, que lhes havia de dar”.
(Deuteronômio. 30:19,20).
Moisés primeiro escolheu libertar o povo por seu próprio braço e isso trouxe a sua sentença de morte, serviu-lhe de maldição. Agora ele não tinha mais escolhas, a não ser permanecer no deserto para fugir da ira do faraó.
Em quem você confia? “Há! Eu confio em Deus!” Esta resposta está pronta na cabeça de todo mundo. Questionamos: você conhece o Deus em quem você diz que confia? Você sabe afirmar se ele vai lhe dar livramento na hora que você precisar? Como você pode me garantir isto? Na verdade, as pessoas não confiam em Deus, pois não O conhecem, e dizem: vou levando a vida como Deus quer, se acontecer coisas boas, é sorte, se acontecer coisas ruins, é azar. E assim vão vivendo. Todavia, esta forma de viver está totalmente fora da vontade de Deus, ele tem planos, propósitos especiais para cada pessoa; ama individualmente, cada ser humano sobre a terra. Mas a grande maioria das pessoas não está interessada nos planos de Deus, não querem escolher Deus, preferem levar a vida por seus próprios meios; resolver os problemas por conta própria, da maneira que acham mais correta, e acabam adquirindo a própria sentença de morte.

Moisés, o medroso

 
De que você tem medo? Esta é uma pergunta muito comum, todos têm medo de alguma coisa, é o que dizem. Temos medo, principalmente, daquilo que não conhecemos. Este é um sentimento que é inerente ao ser humano, mostrando o quanto o homem é incapaz de lidar com situações que ele não tem o controle. Mas nem sempre foi assim, pois antes da queda do homem, antes do pecado de Adão, o medo não fazia parte da vida do homem. Porém, ao pecar e separar-se de Deus, Adão perdeu a sua comunhão com o Senhor, ele se viu só e teve medo.
“Respondeu-lhe o homem: Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me”.
(Gênesis 3:10).
Como Adão havia perdido sua parte que o ligava a Deus, ele não conhecia mais o seu criador, não havia nada que os ligasse, e Adão, agora, podendo enxergar o mal, teve medo, sentia-se só, inseguro, sem ter onde depositar sua confiança.
Moisés em princípio era bastante confiante, contudo sua confiança baseava-se no seu conhecimento, na sua criação, naquilo que ele tinha aprendido; confiava que tinha condições suficientes para ser o libertador do povo israelita. Mas, como mostramos antes, a palavra de Deus deixa bem claro, para nós, qual o resultado do homem que confia em si mesmo.
“Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR!”.
(Jeremias 17:5).
Assim, após as conseqüências da sua autoconfiança, Moisés foi para o deserto onde permaneceu por longos 40 anos.
Fico imaginando Moisés, sentado numa pedra debaixo de uma árvore, olhando o rebanho do seu sogro que calmamente pastava, e, enquanto aguardava o rebanho se alimentar, pensava naquilo que tinha deixado para trás, no sofrimento do seu povo, na educação que havia recebido. Pensava no egípcio que havia matado, em tudo aquilo que já havia passado; sua vida agora era outra, seus objetivos agora eram outros, e bem menos perigosos e complicados do que os objetivos que antes possuía. Com o passar dos anos, pouco a pouco, tudo aquilo que ele havia aprendido, no Egito, ia se apagando de sua memória e sendo substituído, apenas pelo cuidado diário com as ovelhas do seu sogro. E assim permaneceu durante os 40 anos de sua estada no deserto de Midiã.
Certo dia, andando um pouco mais além do caminho de costume, Moisés deparou se com uma situação inusitada. Havia uma sarça, um arbusto, uma planta, que mesmo em chamas, não se consumia, e ele aproximou-se para ver que mistério era este, e teve então seu primeiro contato com Deus.
“E Moisés disse: Agora me virarei para lá, e verei esta grande visão, porque a sarça não se queima.
E vendo o SENHOR que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. Respondeu ele: Eis-me aqui”.
(Êxodo 3:3,4).
Atraído por esse fenômeno, Moisés aproximou-se, porém sem saber do que se tratava, mas Deus conhecia muito bem com quem estava falando e chamou-o pelo nome. Todavia, Moisés não conhecia quem falava e por isso Deus se apresentou a ele:
“Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus”.
(Êxodo 3:6).
Temos aqui, então, claramente o primeiro sinal do medo que havia em Moisés quando ele encobriu o rosto, pois sabia quem era o Deus de seus pais, conhecia a história contada por sua mãe; sabia que o Deus de seus pais era o único Deus verdadeiro, porém, não conhecia esse Deus que agora estava diante dele, assim como Adão, ele também estava distante de Deus e teve medo.
Mas o medo de Moisés não parou por aí; mesmo após Deus ter se apresentado e ter exposto seus objetivos, foi difícil convencer Moisés a confiar Nele. Foram várias objeções que Moisés apresentou, para tentar fugir do objetivo que Deus estava direcionando.
“Vem agora, pois, e eu te enviarei a Faraó para que tires o meu povo (os filhos de Israel) do Egito.
Então Moisés disse a Deus: Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?
E disse: Certamente eu serei contigo”.
(Êxodo 3:10 a 12).
Com esta objeção, Moisés estava tentando dizer a Deus que agora era apenas um pastor de ovelhas, não tinha nenhuma característica de libertador. Se Deus tivesse lhe aparecido 40 anos antes quando ele era filho da filha de faraó, quando ele tinha o vigor da mocidade, quando ele estava intelectualmente preparado para liderar uma nação; se fosse nesta época ele estava pronto para ser o libertador, mas agora quem era Moisés senão um simples pastor de ovelhas, que não tinha mais contato nenhum com os líderes, que não estava envolvido com movimentos políticos, que a única liderança que exercia agora era em mandar as ovelhas pelo caminho. Mas era este Moisés que Deus queria: um Moisés que não confiava mais em si mesmo; um Moisés que não tinha mais o controle da vida nas próprias mãos; um Moisés que tinha aprendido a ser manso e paciente; um Moises que tinha aprendido a esperar que as ovelhas se alimentassem. Era este Moisés que estava agora preparado para conhecer a Deus e seguir suas ordens.
“Certamente eu serei contigo”. Disse Deus a Moisés, e isto parece-nos ser mais do que suficiente para enfrentar qualquer obstáculo, mas para Moisés não foi, pois, mesmo após Deus lhe dar a certeza de que seria com ele, ainda havia insegurança e medo em seu coração, por quê? Porque Moisés ainda não conhecia Deus o suficiente para saber que sempre cumpre aquilo que diz.
Este era apenas o primeiro contato de um relacionamento duradouro, Deus conhecia Moisés, porém ele precisava conhecer bem mais, a Deus.
Moisés tentava de toda maneira fazer Deus desistir de mandá-lo ao Egito. Ele não queria partir, não queria voltar para lá, estava tão bem ali, tinha esposa, tinha filhos, tinha ocupação estava sossegado, por que iria atrás de preocupação para sua vida? Por que iria atrás de libertar o povo que antes o havia rejeitado, recusando seus esforços para liderá-los?
“ENTÃO respondeu Moisés, e disse: Mas eis que não me crerão, nem ouvirão a minha voz, porque dirão: o SENHOR não te apareceu”.
(Êxodo 4:1).
Em outras palavras, Moisés pergunta a Deus: e vão acredita a em mim assim do nada? E os anciãos vão acreditar em mim depois de 40 anos fugido, sem levar nada de concreto de que Tu realmente falaste comigo? E Deus mostrou-lhe os sinais que deveria fazer para que os anciãos vissem que Ele havia realmente falado com Moisés.
Mesmo depois que Moisés viu a vara transformar-se em cobra e viu sua mão ficar leprosa, ainda não foi o suficiente para convencê-lo a ir.
“Então disse Moisés ao SENHOR: Ah, meu Senhor! Eu não sou homem eloqüente, nem de ontem nem de anteontem, nem ainda desde que tens falado ao teu servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua”.
(Êxodo 4:10).
Tal foi a transformação na vida de Moisés que esta afirmação mostra o quanto ele havia esquecido o que aprendera no Egito, pois, como mostramos, antes em atos está escrito:
 “e Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras”.
(Atos 7:22).
Porém esta desculpa foi logo rebatida por Deus. Mesmo vendo a sarça em chamas, mesmo escutando a voz de Deus no meio do fogo, Moisés ainda não percebia quem era o Deus que falava com ele; ainda não tinha a percepção de que as circunstâncias materiais não eram empecilhos para os projetos de Deus. O simples fato de não ter mais a eloqüência de antes, jamais poderia impedir que ele fosse falar ao povo:
“E disse-lhe o SENHOR: Quem fez a boca do homem? ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, 0 SENHOR?
Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar”.
(Êxodo 4:11 e 12).
Não tendo mais como argumentar, Moisés então usou o seu último artifício para que Deus desistisse do que havia lhe proposto:
“Ele, porém, disse: Ah, meu Senhor! Envia pela mão daquele a quem tu hás de enviar”.
(Êxodo 4:13).
Algumas traduções para esse texto dizem: "Envia qualquer um outro menos a mim". Mostrando, claramente, que Moisés não tinha a mínima intenção de voltar ao Egito. Ele não aceitava mais o fato de que havia sido separado para libertar o povo. Ele estava ocupado com seus afazeres, tinha as ovelhas para pastorear, filhos para criar, esposa para fazer companhia. Não precisava sair dali, não queria sair dali, não tinha nenhum interesse de ser o libertador do povo. Tinha medo de que acontecesse novamente o incidente anterior, que o povo o rejeitasse novamente, mesmo sabendo que todos aqueles que queriam matar-lhe já estavam mortos. Tinha medo de que ainda o condenassem pelo que havia feito anteriormente.
Era este Moisés que Deus queria, era com este Moisés, que não confiava em si mesmo, que Deus iria manifestar o seu poder no Egito, porque Deus jamais poderá estabelecer sua vontade na vida de um homem cheio de si mesmo.
Para vivermos a vontade de Deus, em nossas vidas, é necessário que estejamos totalmente despojados de todo conhecimento que venha trazer auto-suficiência. Este foi o pecado de Adão, ele queria, pela sugestão da serpente, ser como Deus, conhecer o bem e o mal, saber das coisas, ser independente e auto-suficiente. Neste pensamento consistiu a sua queda.
É natural termos medo daquilo que não conhecemos. Como vimos antes o medo faz parte da natureza humana. Contudo, quando conhecemos a Deus, quando o aceitamos como Senhor de nossas vidas, o Espírito Santo restaura, em nós, a mesma condição que havia em Adão antes do pecado; passamos novamente a ter um espírito, passamos novamente a ter comunhão com Deus; podemos conhecê-lo, ter comunhão com Ele; podemos escutar, em nosso íntimo, as palavras que nos diz e podemos ter a certeza de que é fiel em cumprir aquilo que disse, ainda que todas as circunstâncias provem o contrário.
São muitos os exemplos na Bíblia onde vemos pessoas que confiaram em Deus e tiveram o cumprimento daquilo que lhes havia prometido. Davi disse em um dos seus salmos:
“Em Deus ponho a minha confiança, e não terei medo; que me pode fazer o homem?”.
(Salmo 56:11).
Davi era um homem que conhecia Deus, ele sabia do que estava falando, afinal de contas passou 40 anos esperando o cumprimento da promessa de que seria o rei de Israel. Não foram 40 anos tranqüilos como os de Moisés. Foram 40 anos de lutas, de fugas, pois Saul queria matá-lo, os filisteus também o queriam matar, vivia pelos campos fugindo de um e de outro, mas ele sabia o Deus que tinha e nada poderiam fazer contra ele se Deus assim não o permitisse.
Quando conhecemos a Deus, aprendemos com ele que, uma vez que depositamos nossas esperanças, confiança e planos na sua palavra, podemos dormir tranqüilamente, pois ele é fiel para realizar aquilo que determinou para nós. E, enquanto estivermos dormindo (descansando em sua palavra), Ele irá proteger e edificar nossas vidas como escreveu Salomão:
“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.
Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois ele supre aos seus amados enquanto dormem”.
(Salmos 127:1 e 2).
Um dos motivos que leva o homem a ter medo de conhecer Deus é achar que esse mesmo Deus vai mandar fazer algo que nós não queremos fazer. Muitas pessoas pensam: se eu passar a andar com Deus eu terei que seguir seus passos, e os passos de Deus nem sempre estão de acordo com os meus. É nestas horas que dizem: Senhor, pode mandar qualquer um outro, que eu não me importo, existem tantas pessoas bem capacitadas, que podem exercer essas tarefas com extrema facilidade, deixe-me quieto onde estou, pois estou bem aqui e quero continuar assim; aqui na posição onde estou vou te adorar de todo o meu coração.
Quando se quer ter um relacionamento com Deus, a primeira coisa que precisamos entender é que: "obedecer é melhor do que sacrificar". Como está escrito:
Porém Samuel disse: Tem porventura o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiro”.
(I Samuel 15:22).
 Deus não está interessado em pessoas que se derramem totalmente diante dele na adoração, mas que não estão nem um pouco interessadas em fazer aquilo que Ele quer. E você me pergunta: é possível que haja pessoas que queiram adorar a Deus, sem querer obedecê-lo? Sim, é possível. Houve antes, como Saul que queria adorá-lo somente para ser bem visto pelo povo. E ainda hoje, há aqueles que entram nas igrejas e dizem que servem a Deus, mas buscam somente os próprios interesses.
 Conhecer a Deus consiste em saber que a ainda que os seus caminhos nos façam andar por um vale de sombra e de morte, não temeremos mal algum, porque haverá sempre uma vara e um cajado nos guiando por todo caminho, e haveremos de habitar na casa do senhor por toda a eternidade. (Salmo 23).
 

Moisés e o mar

 
Após ter compreendido que Duro é recalcitrar contra os aguilhões” (atos 9:5), Moisés decidiu seguir pelo caminho que Deus havia estabelecido e voltou para o Egito, encontrou-se com Arão e explicou ao povo qual era o propósito de Deus em relação aos israelitas. Deus, por sua vez, mostrou-se fiel e manifestou-se maravilhosamente através das dez pragas no Egito, tirando o povo da terra de Gósem e levando-o para o deserto. Agora, as coisas eram bem diferentes, uma vez libertos, o povo seguia para o monte onde iria prestar culto ao Senhor e dali seguir para a terra prometida. Moisés, por sua vez, estava confiante, pois viu como, de forma maravilhosa, Deus havia visitado e libertado seu povo da opressão dos egípcios.
Deus, seguindo com seu plano de fazer-se conhecido, não somente por seu povo, mas também dos egípcios e de todos os outros povos, endureceu o coração de faraó para que se levantasse indo atrás do povo que fugia:
“Eu endurecerei o coração de Faraó, e ele os perseguirá; glorificar-me-ei em Faraó, e em todo o seu exército; e saberão os egípcios que eu sou o Senhor. E eles fizeram assim”.
(Êxodo 14:4).
Deus ordenou a Moisés que fosse de um lado para outro, no deserto, e parasse de fronte ao mar, para confundir o exército de faraó e o povo começou a reclamar:
“Quando Faraó se aproximou, os filhos de Israel levantaram os olhos, e eis que os egípcios marchavam atrás deles; pelo que tiveram muito medo os filhos de Israel e clamaram ao Senhor:
e disseram a Moisés: Foi porque não havia sepulcros no Egito que de lá nos tiraste para morrermos neste deserto? Por que nos fizeste isto, tirando-nos do Egito?
Não é isto o que te dissemos no Egito: deixa-nos, que sirvamos aos egípcios? Pois melhor nos fora servir aos egípcios, do que morrermos no deserto”.
(Êxodo 14:10 a 12).
Moisés, agora conhecendo a Deus, escutando suas instruções, sabia que Ele estava com total controle da situação; mas o povo não pensava assim. Eles estavam escravos e clamaram o Senhor; o Senhor os ouviu e providenciou uma libertação como nunca se houve em toda a história da humanidade; tinham condições suficientes para entender que Deus era poderoso para livrá-los daquele exército que marchava em sua direção, porém o medo os dominou pois viam somente a derrota.
Analisando a questão de uma forma natural, veremos que a situação era realmente crítica. Após 460 anos, morando na terra de Gósen, deixaram suas casas e partiram para o deserto, partida esta que aconteceu depois de muita relutância de faraó. Saíram da terra quase expulsos pelo pavor que acometeu aos egípcios depois da décima praga e ainda recolheram muita riqueza deles. Agora, tinham deserto dos lados esquerdo e direito, um mar a sua frente e atrás, seiscentos carros com cavaleiros egípcios que marchavam em sua direção. A morte era certa. Chegaram a Moisés e disseram: que besteira é essa que você fez? Nos tirou de um lugar onde já estávamos acostumados e nos trouxe para morrer no deserto. Será que não havia sepulcros suficientes no Egito para enterrar a todos nós, tinha que nos trazer para morrer no deserto? (e isto foi dito com bastante ironia, pois sabemos que os egípcios tinham uma grande preocupação com o sepultamento).
Moisés, por sua vez, tinha todos estes problemas: deserto, mar e exército, e ainda tinha o povo que o pressionava a tomar uma decisão. Nestas horas pensamos: de que vale toda preparação que se tem, quando se está em um “beco sem saída?” Todavia, agora Moisés conhecia a Deus e sabia que era poderoso para prover o livramento:
“Moisés, porém, disse ao povo: não temais; estai quietos, e vede o livramento do Senhor, que ele hoje vos fará; porque aos egípcios que hoje vistes, nunca mais tornareis a ver;
O Senhor pelejará por vós; e vós vos calareis”.
(Êxodo 14:13, 14).
O que esta situação representa para nós hoje? Muitas vezes lemos estas passagens bíblicas e as vemos muito distantes, assim como se tivéssemos assistindo um filme; achamos bonito como Deus atuou no deserto com os israelitas ou com Davi ou na vida dos apóstolos; e dizemos: é muito bonito, mas a realidade é dura, não temos Moisés para tocar nosso “mar de problemas” para que possa se abrir e passarmos salvos pelo meio.
Não precisamos de Moisés, pois hoje, se conhecermos a Deus, a mesma unção que havia em Moisés haverá em nós também. Tudo que temos de fazer é nos achegarmos a Deus e Ele se achegará a nós.
“Chegai-vos para Deus, e ele se chegará para vós”.
(Tiago 4:8).
“Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos...”
Ah! Meu irmão, eu também sei como é difícil, olhamos para os lados e tudo que vemos é deserto, a nossa frente o mar e detrás a morte; o tempo vai se esgotando, a pressão vai aumentando, aqueles que não conhecem a Deus, reclamando, pois a situação, aparentemente, vai chegando a proporções impossíveis de se resolver. E nós o que fazemos? Estamos quietos? Como estar calmo quando tudo parece perdido? Quando conhecemos a Deus sabemos que certamente Ele vai prover o livramento, pois Ele é fiel para cumprir com a sua palavra, como está escrito:
“Retenhamos inabalável a confissão da nossa esperança, porque fiel é aquele que fez a promessa”.
(Hebreus 10:23).
Agora perguntamos: o que seria o mar para você? Realmente não saberíamos dizer isso, pois os problemas se apresentam de maneira diferente a cada indivíduo. Mas, seja qual for a dificuldade, ela será mínima se conhecemos a Deus.
Certa vez, conversando com uma pessoa que passava por um grande problema financeiro, tentava lhe explicar como colocar toda sua dificuldade em Deus e descansar; contava-lhe como, por várias situações, eu depositei minha confiança em Deus e Ele foi fiel e me trouxe o livramento no tempo certo. Mas esta pessoa me rebatia dizendo: estes seus problemas são pequenos perto da dificuldade que eu me encontro; meus credores estão impacientes, até me ameaçaram de morte e eu não tenho de onde tirar dinheiro para quitar minhas dívidas; minha situação vai se afunilando cada vez mais e já pensei até em me matar. É, realmente era uma situação muito difícil para ele, mas as dificuldades passadas também por mim se apresentavam como um verdadeiro mar a minha frente.
Qual é o seu problema? Dinheiro? Um câncer? Aids? Desemprego? Ou apenas um desentendimento com alguém próximo que você não encontra uma forma de resolver? Talvez seja uma escolha em que você não saiba o caminho a seguir. Quando conhecemos a Deus descobrimos que estes problemas se apresentam da mesma forma para Ele, ou seja, são empecilhos que atrapalham a nossa comunhão com Ele e Deus quer se livrar deste problema tanto quanto nós; basta somente aprendermos a lançar sobre Ele:
“Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós”.
(I Pedro 5:7).
Realmente é muito difícil estarmos parados quando tudo parece desabar, mas quando temos a Palavra de Deus, esta é a única coisa que podermos fazer. Talvez você me diga: mas irmão, eu leio e leio a Bíblia e não consigo encontrar a certeza de que o meu problema vai ser resolvido, faço minhas orações pedindo a Deus que me ajude e não vejo nada acontecer, já estou quase desistindo de confiar nele.
Aqueles que conhecem a Deus jamais desistem, pois quando O escutam, sua palavra gera uma certeza tão grande que sabem, ainda que tudo prove o contrário, que o que foi dito se cumprirá, ainda que todas as conseqüências do problema recaiam sobre eles. E mesmo se já estivessem mortos a quatro dias, como Lázaro, ele os restauraria, como está escrito:
“Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá;”
(João 11:25).
Como confiar nesta palavra e em todas as outras que nos falam do cuidado de Deus? Como ter uma fé tamanha a ponto de transportar os montes (Mateus 21:21)? Como fazer com que o mar se abra à nossa frente? É muito Simples, chegue-se para Deus, Ele está a sua espera e não pede nada em troca.
Deus não quer seu dinheiro, não quer sacrifícios de carneiros. Deus não quer louvores vazios, mecânicos, vãs repetições, não quer que gastes todo seu tempo em obras materiais, que utilizam muito esforço, mas não têm nenhum valor espiritual.
Quando conhecemos a Deus, podemos saber qual é a sua vontade, descobrimos que tudo que quer de nós é um coração voltado para Ele, sincero, livre de hipocrisia e falsidade, livre de interesses próprios. Tudo que Deus quer de nós é um coração contrito, humilde, que tenha o único propósito de servi-Lo e conhecê-Lo verdadeiramente. Podendo, assim, depositar toda nossa confiança e esperança Nele, pois somente assim alcançaremos a vida eterna que Ele mesmo tem para nós hoje.

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